domingo, 14 de agosto de 2011

Ao meu pai no Dia dos Pais


Adianto que este texto pode ter erro gramatical, mas está impregnado de sentimento, pois levo um legado de emoção que derramo no papel e exponho aos seus olhos e assim procuro ser o arauto das famílias e independente de qualquer coisa que esteja acontecendo no lar, a regra é clara: Pais... amem seus filhos e, filhos amem seus pais;ele é o herói que transcende a alma. Esse é o meu segredo.
Rosildo Barcellos


Hoje Dia dos Pais, resolvi ter uma conversa com o meu, mesmo não estando ele mais entre nós. Quero ter uma conversa bem no coloquial. Fiorelo te direi algumas coisas e tu com certeza me dirás outras.

Hoje sou um homem com 60 anos e faz pouco mais de 10 anos que tu te foste.

Hoje tenho 60 anos quando tu terias 91, pasme Fiorelo, os cientistas dizem que já nasceu quem vai viver os 150 anos.

És de uma época que fumar era bonito, era um símbolo de galã e de homem bonito. Hoje os dias são outros. Fumar é feio, mas tem outras coisas que os dias de hoje consideram bonitas, mas que com certeza não te adaptarias com elas assim como eu não me adapto e tão pouco teu neto Filipe. Isto foi um paciente do meu amigo Dr. Quintanilha que disse a ele pela insistência em recomendar que não mais fumasse.

Fiorelo, lembrar de ti é lembrar-me da minha infância, do guri de calças curtas feitas por ti com todo o carinho. É lembrar-me da minha adolescência, da primeira vez que fomos a Jaguari e da queda que tive da bicicleta de duas rodas que me deste. Queda que serviu para que eu aprendesse que durante minha vida eu teria tantas outras quedas bem maiores mas que sabiamente me ensinavas a suportá-las e delas me levantar.

Lembrar dos passeios feitos, eu de terno e gravata como um homezinho onde todos os domingos levava-me à missas que o Pe Nelson rezava na Igreja Matriz. Lembrar das festas na praça, da sorveteria, da pipoca. É recordá-lo feliz ao nosso lado. Meu pai.

Fiorelo, lembrar de ti é lembrar-me das férias, que naquela época não se chamavam férias, mas eram as férias. Das viagens que fazíamos no trem da meia noite que ia de Jaguari a São Pedro do Sul passando pela Mata onde íamos visitar o vô João Arboiite. Isto nós fazíamos mais de uma vez ao ano. Era tão bom, como tão bom é lembrar-se das visitas que fazíamos na casa dos parentes e do padrinho Campanhol, como também dos que recebíamos em nossa casa. Lembrar de ti Fiorelo, é lembrar-me dos brinquedos que ganhei, do Circo que curti com o Palhaço Picolé e o Globo da Morte. DoTeatro Robatini no fundo de nossa casa.

Pai, lembrar de ti é lembrar-me de minha saída do Ginásio Tiarajú de São Sepé e minha vinda para Porto Alegre para cursar o científico como se dizia naquela época, e com isso dar o adeus definitivo à infância, à adolescência e ao aconchego do nosso chalé de madeira pintado de amarelo. É lembrar-me de tua vida junto a mim em todos os momentos. É lembrar-me de tua alegria no nascimento de meus filhos.

O senhor nunca desistiu de me ensinar o bem. Insistiu com amor, com energia, através de exemplos. Pai, tu me presenteou com a virtude do equilíbrio, com a construção da Paz. O senhor foi um esteio moral na minha vida, um homem temente a Deus e cultivador dos bons costumes, os quais eu procurei seguir com honradez e passar aos teus netos, meus filhos.

Mas hoje ao acordar me chamou a atenção e me marcou muito uma mensagem no Facebook , onde o menino dizia que estava observando o pai dele assim como eu te observei a minha vida toda, para copiar as coisas boas que tu fez, como tu tratou aos as pessoas, de como tratou a mim, minha mãe e aos meus irmãos. O modo como tu viveu teve um grande impacto na minha vida, pois me ajudou a trilhar o meu caminho nas escolhas que eu tive que fazer. Segui teus caminhos na ética do trabalho, pois o tempo que esteve agarrando minha mão me fez com que eu viesse me sentir mais confiante para enfrentar a vida, na qual tive momentos em que lutei contra Demônios e feras que atormentaram, e os venci por ter tido teus ensinamentos para vencê-los.

Lembrar de ti Fiorelo, é lembrar aquela conversa que tivemos quando tu vieste do hospital e as gurias lá de casa te pediam para ti não fumar mais. Lembras que na calçada tu me perguntaste do que eu achava, se tu devias ou não parar de fumar?

Pois é meu pai, eu disse que achava que devias continuar fumando, porque naquela hora eu já estava sabendo que tinhas poucos meses de vida e porque não te queria ver sofrendo com a abstinência do cigarro.

Lembrar de ti é muito bom e aproveito este espaço para inserir coisas que hoje me fez muito bem:

- Quando ainda eu dormia, recebo um telefonema da Priscila. Tu pai, nem vai acreditar. Ela não é mais aquela lourinha que corria na calçada de braços aberto para te abraçar. Não. Ela hoje cresceu e está em Londres de onde me telefonou dando os parabéns pelo meu dia, nosso dia.

- A Deborah escreveu no Facebook: Se o teu pai é o teu herói, deixa que toda a gente saiba que tu tens orgulho dele.. Se tens um pai que lutou e que nunca baixou os braços, que sempre fez tudo por ti e para ti, apesar das dificuldades da vida....... Se tens um pai como o meu, se podes sair à rua... e dizer com a cabeça bem erguida... e gritar " ESTE É O MEU PAI "...........faz uma cópia e cola no teu mural!
TE AMO MEU PAI

- O Filipe pai, tu nem acredita, cresceu e como eu fazia contigo hoje ele faz comigo, usa meu aparelho de barbear e faz churrasco quase que nem tu. Foi quem assou a carne para nosso churrasco de hoje ao meio dia. Canto para ele as vezes aquela musica do Cesar Passarinho “O Guri”, onde diz: Das roupas velhas do pai queria que a mãe fizesse
Uma mala de garupa e uma bombacha e me desse Pra que digam quando eu passe sai igualzito ao p..i

Veja Fiorelo, que mesmo não estando mais entre nós todos nós te honramos e sempre nos lembramos de ti e do livro “Em nome do pai” do Afifi Neto

Fiquei para sempre com este ar de guri desconsolado
A olhar, a olhar o terreno baldio
Donde o circo partiu um dia antes...
(Afif Jorge Simões Filho)


Porto Alegre, 13 de agosto de 2011

Um comentário:

  1. Perdoa-me Dirceo Stona se já postei "por outro meio" comentário sobre essa tua conversa sobre o teu pai. Sabes que me confundo com os teclados de celular e computador... Pois bem: - Eu conheci o seu Fiorelo. Ele foi morar em Jaguari, lá por 1958. Alugou casa do meu pai para montar sua alfaiataria. Inicialmente foi sozinho e sua Família permaneceu em São Pedro do Sul, quando os negócios se equilibraram na nova cidade, trouxe a esposa e filhos. Com o mais velho, Dirceo estabeleci amizade instantânea, que dura até hoje! Fiorelo era um Alfaiate caprichoso, calmo, voz mansa e doce no trato com todos. Eu ficava longo tempo em seu "atelier" conversando com o "novo vizinho" e o mais encantador é que sendo um homem feito de seus 40 anos, dava e puxava assunto com um moleque de nove anos! Eu no caso. Antes de deixar Jaguari rumo a São Sepé, foi pai de uma Jaguariense, sua filha Vera. É. Nossos pais se vão e a gente sente que ainda tinha algo para conversar com "Eles"! Isso se chama saudade.

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